sábado, 13 de setembro de 2008

Lição de persistência - por Viviane dos Santos Ventura

Lição de persistência

Durante muitos anos, ele chegava velozmente. Tão veloz que, por várias vezes, parecia que ia bater em alguma das paredes da cozinha.
Roia a sacola de pães, deslizava na manteiga que restara na faca, lambia os pingos de leite derramados na mesa...
_ Saia daí, seu rato nojento! Xô, xô, xô! Saia!
Toda noite Zerafina perdia o sono, por conta da bagunça que Risso fazia. E olha que o trabalho não era só tentar dar vassouradas no rato. A pobre senhora passava o restante da noite em claro, pensando em armadilhas para acabar com aquele roedor. Já tentara ratoeiras de diversos modelos e até venenos.
Mas uma noite foi diferente. Zerafina quis mudar o piso de sua casa, ele estava feio e era daqueles antiderrapante, que acumulam gordura nas frechinhas. Colocou um piso bem moderno, lisinho, dava até medo de escorregar. Aí, anoiteceu. Risso mirou a frecha da porta, seria a hora de entrar e começar a comilança. Dona Zeverina estava à sua espera, agora com uma armadilha nova: um spray para matar moscas. Sua idéia parecia ser brilhante. Iria cegar o animal e depois tacar-lhe a vassoura. Tudo foi bem planejado.
O rato correu disparado em direção a uma azeitona que estava no chão. Seria uma cilada? Teria caído sem que ninguém a percebesse? As perguntas passaram por sua cabeça, mas não poderia perder tempo.
Plaft! A pancada foi mesmo forte. E o rato não resistiu.
_ Oh, não! Ele morreu.
Zeverina lamentava por seu plano novamente não ter dado certo.
_ Vou tentar novamente. Arrumarei outro rato e darei um jeito de colocar um piso igual ao antigo aqui na cozinha.

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